Os Poodles Extraterrestres
(por Karen Soarele)
Karen, você tem um cachorro?
Cachorro, não… Eu só tenho um poodle.
…
Poodle é um cachorro!
Não. Poodle não é um cachorro. Ele é um ser de uma dimensão paralela chamada Slador, que veio para a Terra com o objetivo de nos estudar e decidir se vão criar laços diplomáticos ou se preferem nos atacar e conquistar.
O único problema é que eles tem tido dificuldades para se comunicar conosco. Por exemplo, a Lindinha, que é a poodle que vive aqui em casa, tenta diariamente estabelecer uma comunicação racional, mas, infelizmente, os humanos não possuem a capacidade de entender. Veja só a cara que ela faz quando quer dizer alguma coisa:
A maioria dos humanos não entende, mas eu, sim, consigo captar as ondas mentais emitidas por Lindinha. Nesse momento, se ela pudesse articular as palavras como nós, com certeza diria: “Por favor, não me façam mais esse corte ridículo!”
Lindinha é nossa prisioneira. Nos poucos momentos em que ela consegue escapulir pelo portão de elevação, sempre aparece alguém gritando seu nome. E ela, sabendo que está em desvantagem numérica, obedece, retornando para seu cárcere, também conhecido por “casa”.
Por isso, ela perdeu o contato com sua espécie e não sabe o que se passa na missão de reconhecimento dos poodles. Sequer sabe se os laços diplomáticos foram criados ou se a guerra já estourou. Por isso, toda vez que alguém se aproxima de forma suspeita, ela logo diz: “Eu me rendo!”.
É claro que ela não diz isso. Ela apenas emite ondas mentais, quase imperceptíveis para nós, mas muito claras para seus iguais.
Toda semana, Lindinha é levada para uma central de operações humana, onde recebe uma espécie de higienização e corte de seu pelo, que serve para facilitar a manipulação por parte de seus raptores. Poodle não é um cachorro. Ele é um ser de uma dimensão paralelaEm suas orelhas são pregados o que ela acredita serem escutas, especialmente desenvolvidos para roubar informações sobre o quartel-general.
Mas ela é uma guerreira nata. Quando retorna para casa, logo corre para o jardim, onde consegue se livrar dos odores daquilo que os humanos chamam de shampoo, e remover também os escutas. De quebra, cria uma camuflagem natural, feita de lama.
Nessas ocasiões em que vai para a sessão de tortura, digo, para o banho, ela aproveita para procurar por seus companheiros poodles, na esperança de encontrar alguém que lhe dê novas informações sobre sua missão. Mas, até hoje, tudo o que encontrou foram prisioneiros assim como ela, que nada sabem informar.
Mas ela jamais perde a fé. Enquanto espera por novas orientações, Lindinha continua fazendo sua parte pela soberania de Slador. Começando pela luta pelo direito de poder subir no sofá da sala.
Esses dias, a Lindinhas estava mexendo muito suas orelhas. A veterinária que, na verdade, eh a executora da tortura do banho e da manipulação de drogas que os humanos chamam de remédios, a diagnosticou como infecção do ouvido. Todos nos que temos as percepções dos sinais emitidos pela Lindinhas, sabemos que eh a antena transmissoras de ondas eletro-magnéticas entre a Guerreira e o Planetas Slador. Isso mostra a dificuldade que Lindinha tem para se comunicar com seus semelhantes.
Para suprir essa dificuldade, nossa heroína esta se envolvendo com cabos e tomadas da radio FM da casa, mas isso já eh outra estória…
OH, MEU DEUS!… Pensei estar louco, mas não, eles realmente existem!
Reconheci pela forma singular de submissão aos humanos: A posição de “pancinha
oferecida” e o olhar “afague minha barriga”. Acredito ser uma posição padrão, pois os dois que possuo em minha casa, quer dizer, que possuem minha casa, fazem a mesmíssima coisa… Devo alertá-la que objetos plásticos, chinelos e prendedores de roupa estão sumindo por aqui; Talvez estejam construindo alguma arma de aniquilação global. TOME MUITO CUIDADO!