Texto de cinco minutos

Essa semana estive bastante ocupada. Além de trabalhar feito louca no lançamento de um novo projeto do meu estúdio, ocupei minhas noites fazendo o curso de oratória do Senac. “Receber uma história pela metade e ter que concluí-la é um exercício de criatividade delicioso”Aliás, é um curso ótimo! Eu indico para todo mundo que tiver interesse. Além de aprender algumas técnicas muito úteis sobre como falar em público, aprendi como posso controlar a ansiedade e fiz amizades incríveis!!

O professor nos propôs diversas atividades diferentes. Uma delas era o seguinte: ele ditava o início de uma história, cada um de nós tinha que concluí-la em cinco minutos, e em seguida ir ler sua versão ao microfone. Eu, particularmente, adoro essa construção coletiva de texto. Para mim, receber uma história pela metade e ter que concluí-la é um exercício de criatividade delicioso. Vejam como ficou:

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Conto: Torrente

Torrente

(por Karen Soarele)

Cenário de guerra. É assim que os jornais descrevem nossa cidade. Muros caídos, casas arrasadas, pontes em ruínas. À minha direita, uma árvore na posição horizontal exibe suas raízes recém-arrancadas da terra pela chuva violenta. O córrego corre furioso. Suas águas, muito mais altas do que de costume, exibem coloração marrom e retratam os desastres da noite anterior. Pedaços de lixo flutuante são arrastados ao bel-prazer da correnteza, e logo somem de vista.

O trânsito é caos, sempre é. Semáforos não funcionam e leis não mais existem. Um carro desvia de um buraco e cai numa poça, jorrando água para o alto e encharcando um pedestre, mas não se importa. Todos estão confusos, preocupados. Tentam garantir a segurança de sua família e bens, as suas coisas.

Mas eis que, no meio do caos, heróis surgem. Ouve-se o assovio de um apito, e todos os carros param. É um agente de trânsito. Um ser humano como você e como eu, cuja função é cuidar da segurança de todos, e todos respeitam esta função e obedecem às suas ordens. Ao som do apito, motoristas param e prosseguem, e o trânsito torna-se harmonioso. Jamais se inventará um semáforo automático tão bom quanto um ser humano.

Em uma região menos flagelada da cidade, o sinal vermelho impede que alguns carros se movimentem, enquanto outros cruzam seu caminho. Novamente, um som deixa todos em alerta, é o som de uma sirene. Os motoristas ouvem, param, identificam de que direção a ambulância vem e tomam providências.

Aqueles que estão cruzando ignoram o sinal verde e se atêm de prosseguir. Aqueles que estão parados, ignoram o sinal vermelho e cruzam, afastando-se para a lateral da rua, a fim de abrir passagem. Alguém pode estar morrendo naquela ambulância, não podemos atrapalhar!

Em meio à desorganização, instintivamente as pessoas se organizam e confiam naqueles que não querem nada senão ajudar. Mesmo em meio ao caos, à destruição e às dificuldades, a ajuda surge e as pessoas colaboram. Isso faz eu me lembrar que, apesar de tudo, ainda vivemos em sociedade, e que, amanhã, o Sol vai raiar.