(foto de Reginaldo Araújo)
Instalada quando minha irmãzinha Luana nasceu, a redinha na janela do meu quarto sempre me incomodou. Parecia que minha visão do mundo exterior estava comprometida por aqueles fios brancos entrelaçados. Em frente à janela desce o telhado que cobre a varanda lá embaixo, e eu sempre gostei de sentar ali e admirar a cidade, algo que há anos não faço. Ou melhor: não fazia!
A Luana já está com seis anos, e a redinha foi removida. Fiquei tão feliz, que sentei mais uma vez na janela! Os sons da cidade são incríveis! Carros passam na avenida aqui perto, cachorros latem uns para os outros, alguém liga o som bem alto em um lugar qualquer. Isso tudo misturado ao canto das cigarras e outros bichos noturnos. Depois de um dia agitado, e de encarar o stress do trânsito, eu faço silêncio para identificar os mais variados sons. Com tudo isso, acabei escrevendo:
Na Segurança da Solidão
(por Karen Soarele)
Cidade é o caos
e eu aqui
Na segurança da solidão;
Ninguém me ouve,
ninguém me vê
Minha existência ignorarão.
Os carros correm,
pessoas correm,
e aqui eu ando bem devagar;
Na segurança
da solidão
só eu mesma posso me machucar.
Na noite adentro,
na escuridão,
na segurança da solidão.